quarta-feira, 16 de maio de 2018

Andará Marcelo a treinar a canção dos borzeguis pretos?


Tenho-o dito e redito: uma das maiores assombrações, que paira sobre o meu dia-a-dia é a possibilidade de me cruzar com Marcelo Rebelo de Sousa e ele se me dirija com a habitual loquacidade dizendo:
- Oh amigo, você está-me a faltar na minha coleção de selfies! Deixe cá corrigir a falha!
E pronto, lá estarei de trombas, mas com um sorridente Marcelo a conseguir o seu objetivo!
Temeroso de tal ameaça já começo a ter apreensões, quando me tocam à campainha da porta. Será que é ele? Será que, perante o meu contínuo esforço em me desviar das suas rotas de propaganda quotidiana, ele me virá no encalço e não lhe escapo à intenção?
Esta manhã ganhei ainda mais fundamentada apreensão, quando aqui no canto do ecrã do computador me apareceu um alerta do «Diário de Notícias» a dar conta que ele se dissera vexado com o sucedido lá para as bandas de Alcochete.
Vexado? Palavra já algo caída em desuso e subitamente resgatada pela tagarelice do inquilino de Belém? Ora é termo, igualmente, de uma das principais obras do reportório do coro que integramos, peça medieval, em que a corte proíbe a quem dela não pertence o uso de borzeguis (sapatos) pretos, arriscando-se quem desrespeitar a lei a ser  «vexado e preso»!
Senti um frémito, que me acelerou a batida cardíaca: será que, nas horas mortas passadas no palácio, o presidente anda a treinar esse tema para que uma noite destas apareça ao ensaio do coro e logo exija a obrigatória selfie com quem o integra?
Começo a ter razões para ficar preocupado!

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