quarta-feira, 9 de maio de 2018

Os debates parlamentares como verdadeiros bailes de António Costa às atoleimadas direitas


Nas centenas de deputados, que têm passado pela casa da Democracia desde que a Assembleia Constituinte assumiu funções depois do 25 de abril, António Costa tem-se destacado como um dos seus melhores tribunos, sendo capaz de aliar a irredutível racionalidade à fundamentada consistência dos seus argumentos. Por isso mesmo, seja perante discursos oposicionistas, que se honrem pela urbanidade, seja face a intervenções mal-educadas, ele consegue corresponder com um discurso que quase sempre os desarma.
Nos últimos tempos, porém, o verdadeiro baile que dá às hostes do PSD e do CDS tem sido tal que é forçoso olhar gulosamente para os debates parlamentares como a oportunidade para rirmos às gargalhadas perante o desconcerto dos que  interpelantes face às suas incisivas respostas.
Foi o que sucedeu hoje com Fernando Negrão que viu nos casos Sócrates e Manuel Pinho a oportunidade para se livrar do tom cordato, que Rui Rio o incumbira de assumir, e voltar às destemperadas intervenções dos seus antecessores como líderes parlamentares. Com menos jeito que Montenegro, mas ainda assim livrando-se da boçalidade tonta de Hugo Soares, Negrão quis espicaçar o secretário-geral do Partido Socialista, esquecido que ali, na sessão parlamentar, quem se senta é o primeiro-ministro. Embora ande a passear-se pelos corredores de São Bento há muitos anos Negrão deu mostras de não compreender alguns dos princípios básicos da nossa Democracia, nem de antever as respostas óbvias que António Costa lhe daria, sempre dentro de uma lógica coerente, capaz de dar a ideia a quem o ouvia desapaixonadamente, que os interlocutores eram uns mentecaptos a quem ele, na sua douta condição, ensinava o que eles deveriam mais do que saber.
Cristas, por seu lado, também não teve razões para ficar a rir, porque investida da condição de catedrática da Faculdade de Direito, teve de ser recordada de alguns requisitos para que a Constituição seja revista, mormente que cabe aos deputados essa incumbência e não ao governo, que dela se vê legalmente inibido de suscitar. E, quando quis propor uma sindicância ao período de Manuel Pinho no governo, foi posta no devido lugar, quando Costa lhe lembrou que, estando o Ministério Público a indagar os factos relacionados com esse período no âmbito da investigação criminal em curso, seria no mínimo absurdo sugerir a essa mesma entidade que abrisse um segundo inquérito sobre os mesmos factos. Com professores assim não admira que tenhamos justificadas apreensões quanto à qualidade dos juristas saídos de uma Universidade com tão inapta académica.
Como balanço da sessão de hoje pode-se antever difícil o fim do dia para quantos ainda sonhariam com uma hipótese de recriação do Bloco Central apadrinhada por Marcelo na sequência da antecipada dissolução da Assembleia. É que António Costa foi explicito na resposta a uma das questões formuladas por Jerónimo de Sousa no quanto aposta duradoura a atual solução parlamentar para prosseguir o esforço de melhorar a qualidade de vida dos portugueses.

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